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sábado, 14 de julho de 2018

I Seminário Estadual. Feminismos, resistência e democracia ElasPorElas

Dia 13 de julho de 2018 aconteceu o I Seminário Estadual. Feminismos, resistência e democracia  ElasPorElas. Onde participei da mesa redonda com o tema: Saúde das mulheres com deficiência.

Minha fala escrita

Boa tarde!

Primeiramente gostaria de saudar a todas da mesa e ao público, em especial minha mãe que é o meu maior exemplo de mulher, também saudar minhas companheiras de luta na pessoa de Raíssa e as demais mulheres de Currais Novos que aqui estão presentes a quem admiro bastante.

É uma satisfação participar desse Seminário Feminismos Estadual.

Então vamos lá! Para quem não me conhece, sou Jamilla Macedo tenho Paralisia Cerebral e uso este tablet para facilitar minha comunicação, pois tenho dificuldade na fala, mas nem de longe isso foi desculpa ou obstáculo para eu deixar de descrever e expressar minhas ideias e pensamentos.

Estou aqui representando as mulheres cadeirantes e todas as mulheres com Deficiências do Rio Grande do Norte. Onde me sinto agradecida pela confiança. Em minha vivência acredito que o espaço para pessoas com deficiências vem melhorando a cada dia, mas ainda falta muito para ser feito, como também ao reconhecimento dos nossos direitos.

Quanto ao assunto a ser discutido, confesso que pensei em vários. Mas, escolhi um de grande importância que é a saúde de nós mulheres, por sermos uma só e temos várias funções no nosso cotidiano.

Gostaria de pontuar não só as mulheres cadeirantes, mas todas as mulheres com deficiência. Além disso, aproveitando que o evento é feminismos, quero também pontuar a questão do machismo que acaba intensificando os reflexos do capacitismo. A dificuldade que os profissionais de saúde possuem em nos enxergar como mulheres que influenciam diretamente na qualidade dos serviços que recebemos. Como teremos acesso às informações para o exercício da nossa sexualidade se somos infantilizadas? Como podemos ter nosso direito à saúde garantida se não somos compreendidas na nossa integralidade?

Atualmente os desafios são grandes para todos. Imagine para nós mulheres com deficiência, quando falamos na saúde da mulher. Um exemplo é quando vou me pesar. Pois não existe uma balança adequada para cadeirante em minha cidade precisei ir a uma consulta com nutricionista ficando incompleta por falta da minha pesagem. As políticas públicas têm que garantir todas as especificidades em todos os ciclos de vida. Defender e garantir condições de melhorias, priorizando cada vez mais diálogo permanente entre sociedade civil e governo na elaboração visando à inclusão socialista e acessibilidade.

Normatizando a implantação e conscientização sobre os melhores atendimentos dos postos de saúde e agendamento para exames específicos. Não estou falando somente em ter equipe qualificada que saiba as nossas dificuldades, mas equipamentos adequados para nosso atendimento. Mas também, como implantar um centro especializado de saúde das mulheres que garantam realização e celeridade nos exames bem como, acompanhamento integral para os diagnósticos.

Existem exames de prevenção que mulheres cadeirantes não conseguem fazer vou citar exemplos: um deles é o exame de mamas, é um dos maiores erros que o Brasil poderia cometer em relação à saúde das mulheres: Por esse motivo, muitas mulheres cadeirantes vão ter que fazer tratamento de câncer de mama porque nunca tiveram a possibilidade de fazer uma mamografia. A mulher quando faz o exame de mamografia, tem que estar em pé e grudada no equipamento. Como é que, um equipamento se aproxima do corpo de uma mulher que está sentada? Então, ele tem que ter essa possibilidade. Ele tem que ser acessível. Tenho amigas que passam por essa dificuldade, pois o mamógrafo não baixa na altura da cadeira de rodas como também faltam as macas e leitos adaptados para exames ginecológicos são bastante altas dificultando as transferências.

Aconteceu com uma paciente com deficiência que se acidentou em um exame de rotina isso só mostra o quanto à situação é precária. Além dos riscos assim mesmo teve que colher o material para o exame preventivo do câncer de colo do útero na própria cadeira de rodas e terminou sofrendo um acidente e se feriu. É necessário priorizar acessibilidade em geral, falo desde a rota de entrada ao ambiente interno, pois muitas vezes as portas e corredores são estreitos. Principalmente os banheiros do hospital na cidade que moro não existem adaptações para cadeirantes.

Não podendo esquecer as mulheres com deficiência visual, pois nunca são colocadas as informações em Braille e piso tátil tanto ou direcional quanto a atenção. Dentro e fora dos estabelecimentos.

Venho mais uma vez dizer o quanto foi uma satisfação participar desse Seminário Feminismos Estadual.

É fácil reconhecer as mulheres fortes: Elas são as que se constroem umas com as outras em vez de se destruírem entre elas.
Participe, Apoie essa causa!
Se tem violência contra a mulher
a gente mete a colher.
Nem um direito a menos.

Obrigada pela atenção!
Jamilla Macedo

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