Dia 13 de julho de 2018 aconteceu o I Seminário Estadual. Feminismos, resistência e democracia ElasPorElas. Onde participei da mesa redonda com o tema: Saúde das mulheres com deficiência.
Minha fala escrita
Boa
tarde!
Primeiramente gostaria de saudar a todas da mesa e
ao público, em especial minha mãe que é o meu maior exemplo de
mulher, também saudar minhas companheiras de luta na pessoa de
Raíssa e as demais mulheres de Currais Novos que aqui estão
presentes a quem admiro bastante.
É uma satisfação
participar desse Seminário Feminismos Estadual.
Então
vamos lá! Para quem não me conhece, sou Jamilla Macedo tenho
Paralisia Cerebral e uso este tablet para facilitar minha
comunicação, pois tenho dificuldade na fala, mas nem de longe isso
foi desculpa ou obstáculo para eu deixar de descrever e expressar
minhas ideias e pensamentos.
Estou aqui representando as
mulheres cadeirantes e todas as mulheres com Deficiências do Rio
Grande do Norte. Onde me sinto agradecida pela confiança. Em minha
vivência acredito que o espaço para pessoas com deficiências vem
melhorando a cada dia, mas ainda falta muito para ser feito, como
também ao reconhecimento dos nossos direitos.
Quanto ao
assunto a ser discutido, confesso que pensei em vários. Mas, escolhi
um de grande importância que é a saúde de nós mulheres, por
sermos uma só e temos várias funções no nosso
cotidiano.
Gostaria de pontuar não só as mulheres
cadeirantes, mas todas as mulheres com deficiência. Além disso,
aproveitando que o evento é feminismos, quero também pontuar a
questão do machismo que acaba intensificando os reflexos do
capacitismo. A dificuldade que os profissionais de saúde possuem em
nos enxergar como mulheres que influenciam diretamente na qualidade
dos serviços que recebemos. Como teremos acesso às informações
para o exercício da nossa sexualidade se somos infantilizadas? Como
podemos ter nosso direito à saúde garantida se não somos
compreendidas na nossa integralidade?
Atualmente os
desafios são grandes para todos. Imagine para nós mulheres com
deficiência, quando falamos na saúde da mulher. Um exemplo é
quando vou me pesar. Pois não existe uma balança adequada para
cadeirante em minha cidade precisei ir a uma consulta com
nutricionista ficando incompleta por falta da minha pesagem. As
políticas públicas têm que garantir todas as especificidades em
todos os ciclos de vida. Defender e garantir condições de
melhorias, priorizando cada vez mais diálogo permanente entre
sociedade civil e governo na elaboração visando à inclusão
socialista e acessibilidade.
Normatizando a implantação
e conscientização sobre os melhores atendimentos dos postos de
saúde e agendamento para exames específicos. Não estou falando
somente em ter equipe qualificada que saiba as nossas dificuldades,
mas equipamentos adequados para nosso atendimento. Mas também, como
implantar um centro especializado de saúde das mulheres que garantam
realização e celeridade nos exames bem como, acompanhamento
integral para os diagnósticos.
Existem exames de
prevenção que mulheres cadeirantes não conseguem fazer vou citar
exemplos: um deles é o exame de mamas, é um dos maiores erros que o
Brasil poderia cometer em relação à saúde das mulheres: Por esse
motivo, muitas mulheres cadeirantes vão ter que fazer tratamento de
câncer de mama porque nunca tiveram a possibilidade de fazer uma
mamografia. A mulher quando faz o exame de mamografia, tem que estar
em pé e grudada no equipamento. Como é que, um equipamento se
aproxima do corpo de uma mulher que está sentada? Então, ele tem
que ter essa possibilidade. Ele tem que ser acessível. Tenho amigas
que passam por essa dificuldade, pois o mamógrafo não baixa na
altura da cadeira de rodas como também faltam as macas e leitos
adaptados para exames ginecológicos são bastante altas dificultando
as transferências.
Aconteceu com uma paciente com
deficiência que se acidentou em um exame de rotina isso só mostra o
quanto à situação é precária. Além dos riscos assim mesmo teve
que colher o material para o exame preventivo do câncer de colo do
útero na própria cadeira de rodas e terminou sofrendo um acidente e
se feriu. É necessário priorizar acessibilidade em geral, falo
desde a rota de entrada ao ambiente interno, pois muitas vezes as
portas e corredores são estreitos. Principalmente os banheiros do
hospital na cidade que moro não existem adaptações para
cadeirantes.
Não podendo esquecer as mulheres com
deficiência visual, pois nunca são colocadas as informações em
Braille e piso tátil tanto ou direcional quanto a atenção. Dentro
e fora dos estabelecimentos.
Venho mais uma vez dizer o
quanto foi uma satisfação participar desse Seminário Feminismos
Estadual.
É fácil reconhecer as mulheres fortes: Elas
são as que se constroem umas com as outras em vez de se destruírem
entre elas.
Participe,
Apoie essa causa!
Se
tem violência contra a mulher
a
gente mete a colher.
Nem
um direito a menos.
Obrigada pela atenção!
Jamilla
Macedo